(By: Ernesto Chinkes) Acredito que percorrer esse caminho é hoje uma obrigação para todas as instituições de ensino superior. Felizmente, o fim da estrada não é fixo e cada universidade poderá decidir até onde quer ir e a forma de viajar.
A era digital está crescendo com tanta força que me poupa a necessidade de entrar em detalhes. É evidente o surgimento de tecnologias em vários espaços e atividades, e como elas estão reformulando modelos na sociedade, na economia, na política, na recreação, nas relações humanas, nos negócios e, é claro, na maneira como se produz, dissemina e gerencia o conhecimento.
As universidades foram por séculos as principais referências na área do conhecimento; o farol que iluminava suas respectivas sociedades. É claro que, atualmente, elas continuam tendo um papel relevante, mas dentro de um ecossistema que está ganhando rapidamente novos atores, que contribuem com enciclopédias on-line, portais de notícias, plataformas de vídeo, documentários e filmes, cursos on-line, blogs, livros digitais, mecanismos de pesquisa, assistentes virtuais, etc. Algumas dessas plataformas de tecnologia são dirigidas por organizações sem fins lucrativos ou empresas que geram e disseminam conteúdo. Em outros casos, elas apenas fornecem as plataformas para evitar intermediários e conectam diretamente aqueles que geram e/ou disseminam conhecimento com aqueles que desejam aprendê-lo. Todos elas foram projetadas para maximizar a experiência do usuário na era digital, e isso implica fornecer um serviço de alta qualidade, não apenas na geração e disseminação de conhecimento, mas em todas as tarefas administrativas e de suporte.
As universidades podem agir como atores “coadjuvantes” nesse processo, no qual seus alunos e membros se tornam usuários cada vez maiores de ferramentas e dinâmicas que o ecossistema está oferecendo. Por isso, provavelmente perderão importância em comparação aos novos atores. Por outro lado, elas podem assumir o papel de protagonistas na construção desta era e tirar proveito dos benefícios que isso proporciona para o desenvolvimento de uma universidade inteligente.
O que quero dizer com isto? Quando nos referimos a uma pessoa inteligente, pensamos em suas "capacidades", como entender e resolver problemas. Falar sobre uma universidade inteligente também deveria levar-nos à mesma comparação.
Precisamos da capacidade de tirar proveito dos recursos da maneira mais eficaz e eficiente, fazendo mais com menos, e também gerar serviços com uma experiência de uso de alto desempenho. Precisamos principalmente da capacidade de aproveitar as habilidades de cada um dos membros de nossas comunidades universitárias (estudantes, professores, pesquisadores, funcionários, graduados e a sociedade que as cercam), para que juntos geremos muito mais do que poderíamos fazer sozinhos. Em outras palavras, que o todo seja mais do que a soma de suas partes. Dessa forma, as universidades serão muito mais que um intermediário entre quem tem conhecimento e quem quer recebê-lo; será uma área em que a geração e disseminação de conhecimento é sinergicamente promovida.
Qual é a “rota”, então? Acredito que podemos pavimentá-la fornecendo aos membros de nossas comunidades as melhores ferramentas disponíveis para geração, armazenamento, troca e distribuição de conhecimento, além de serviços de alta qualidade para executar e obter muitas funções de suporte ao transitar pela rica e variada vida universitária; e também criar canais que alcançam sinergias entre todos os seus membros. Nisso, a era digital nos oferece enormes possibilidades.
O desafio é enorme, pois tudo isso acontece em um mundo globalizado, incerto, extremamente complexo e cheio de tensões; e é por isso que a colaboração entre instituições é essencial para seguir o melhor caminho. Espero que muitas universidades possam compartilhar conosco, em TICAL 2020, algumas das experiências na rota digital que estão trilhando e que isso mais tarde enriqueça seu próprio caminho. Tenho certeza que isso acontecerá.
Ernesto Chinkes
Presidente Honorário da Conferência TICAL. Professor da Universidade de Buenos Aires (Argentina). Autor de livros e publicações nacionais e internacionais. Trabalha como consultor internacional em questões de estratégia de TI e transformação digital para universidades. Coordenador da Metared na América Latina (Fundación Universia). Assessor em transformação digital da Organização Universitária Interamericana (OUI). Por 10 anos, foi Coordenador Geral de Tecnologias da Informação e Comunicação da Universidade de Buenos Aires.